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Para​í​so

by Das Neves

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1.
Cidade Velha 03:51
Sempre que volto aqui Desde que parti Me lembro de tudo que vi Me lembro de tudo que ouvi de rir De me esconder de ti Do outro lado da rua Há uma casa De portas abertas Janelas quebradas Com a mata crescendo Fechando a entrada Na verdade, havia Pois, hoje, não há mais nada A nossa antiga casa não tem mais a mesma cor Os frutos que ali davam não têm mais o mesmo sabor E as águas não são mais tão claras No espelho d'água Eu me lembro De cada momento Só peço a Deus para nunca mais me esquecer
2.
Sorte que a gente se esquece De tudo que nos entristece Desse tudo que não nos traz nada Mas que engana fingindo trazer De longe eu vi tua imagem Tantos olhares indo a outra margem Lacrimejavam de tanta fé As águas geladas banhavam teus pés São Francisco, lá vou me deixar levar, me deixar levar Quanto mais longe estou Menos quero voltar De um lado há tanta beleza Do outro lado há tanta tristeza O que você escolher ver É o que você verá O rio corta a terra igual veia Levando a sorte pra todo lugar Mãos e pés que vivem nas beiras Buscam em ti a força para andar São Francisco, lá vou me deixar levar, me deixar levar Quanto mais longe estou Menos quero voltar Desde que sai da nascente Só penso em no Mar desaguar
3.
Sonho n° 25 04:34
Errático e triste De tanto que insiste Conseguiu o que achava que queria Mas não viu a beleza e nem a glória Que achou que teria Toda a dor, todo alento Todo amor, sempre foi perca de tempo Cada alegria, cada momento E a felicidade Desde a primeira vez que te vi Desde a primeira vez que te ouvi Desde a primeira vez que te vi Já senti Todo amor, todo alento Todo amor sempre foi e será perca de tempo Cada alegria, cada momento E a felicidade Sempre nas pequenas coisas
4.
Concórdia 02:47
Se lembra das aves na beira do cais? Quando passo por lá já não as vejo mais Entre prédios e esquinas, entre ruas e avenidas Entre o som dos carros e os canais Pessoas normais, caminhos iguais Nada de novo Se lembra dela sentada na porta de casa? Se lembra deles correndo pelos quintais? Esse tipo de coisa que não se vê mais Saudade, Saudade Saudades de um tempo que eu nunca vivi!
5.
Só por uma noite descansar Como se não houvesse amanhã para acordar Como se não houvesse nada para se preocupar Apenas partir, sem pensar Apenas partir, sem voltar Caminhar, e mesmo na dúvida, não hesitar Caminhar, tentar
6.
Paraíso 03:28
As casas foram todas derrubadas Chega a ser difícil reconhecer Mas toda vez que eu passo por lá É como se eu ainda pudesse ver Você chegar, e a luz acender A gente andando à toa por lá Até o sol amanhecer Mas meu amor, posso te confirmar com certeza Que toda dor é pequena, perto da tua beleza Me lembro daquela tarde, como se fosse hoje Eu te vi partir, só partir E já senti a saudade nascer Pois, eu vivi o paraíso Então é difícil ver, tão difícil ver Beleza igual em outro lugar
7.
Continental 05:07
O verde e o cinza, o contraste da cidade A cinza fumaça, a brisa da mata Nos bairros afastados ainda se ouve os cantos Mas nos mais movimentados, o barulho dos carros Invade as casas, enfrentam as palavras Até derrubá-las, sem perdão Nos teus olhos, vejo a noite Nas ruas que se perdem, nas luzes que se encontram Ela morreu por mim, ela morreu por mim Não posso largá-la, abandoná-la assim Aquelas manhãs, a água salgada Era tão pouco, mas não queria nada, nada mais
8.
Mar Negro 05:18
No espelho há mais um olhar O duplo que tenta ensinar A cultivar a dor, arrancar da terra A raiz que não dá mais frutos E os frutos que davam, eram escuros, sem sabor Banhados em mágoa e rancor, mágoa e rancor Quando eu vi nascer, quando eu vi nascer Eu sabia que nunca mais veria algo tão lindo Um dia, irá morrer, mas quando renascer Outros sentirão o que eu estou sentindo O que eu estou sentindo? No teu sorriso, no teu sorriso Eu vi nascer de novo Eu vi nascer de novo Eu vi nascer de novo

credits

released October 5, 2017

Músicas e letras: Gabriel Neves

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Das Neves Santos, Brazil

Gabriel Neves é músico de Santos-SP. A carreira teve início em 2017 e de lá pra cá lançou os álbuns “Paraíso” (2017), “Memória” (2019) e agora retorna com “Interiores” (2020).

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